O então candidato a presidente José Serra, numa de suas mais infelizes frases cunhou os blogueiros e tuiteiros que eram contra sua candidatura como os chamados "blogueiros sujos". A sua revolta contra a militância virtual foi motivada pelo desmonte sistemático que estes militantes fizeram das "sujeiras tucanas".
O caso da bolinha de papel merece entrar para o folclore político.
Foi graças a esta mobilização, que injúrias e calúnias puderam ser enfrentadas e desmascaradas muito mais rapidamente do que pela assessoria de imprensa da candidatura de Dilma.
Mas passados quase um ano das eleições, eu vejo uma certa síndrome de abstinência de alguns colegas blogueiros.
Um denuncismo lacerdista, às vezes transparece, principalmente no twitter.
Pessoas sérias se deixam levar pela manada. O episódio da crise no ministério do Esporte deixou claro que o anticomunismo ainda é latente em setores de nossa sociedade, e algumas manifestações resvalaram para o racismo pura e simplesmente.
Escrevi aqui há alguns dias, que não é a internet que expõe o melhor e o pior das pessoas. Os pedófilos já existiam antes de 1996, assim como outras misérias que a humanidade pode produzir.
A diferença é o instrumento.
A tecnologia nos permite divulgar ideias em escala e velocidade. Mas também divulga nossos erros e imprecisões.
As boas intenções de denunciar as mazelas do nosso sistema político, servem para denunciar "as bolinhas de papel", mas também servem para denegrir e difundir falsas informações.
Quem não recebe pelo menos uma vez por mês as denúncias do "fim do 13º", o "engraxate que recebe salário milionário", ou ainda outras grandes denúncias.
Publicar e despejar nas redes toda e qualquer denúncia, pode até aliviar a alma de quem não tem outra forma de se expressar, mas pode perpetuar injustiças e abobrinhas colossais.
parafraseando uma antiga propaganda do Gelol, em que "não basta ser pai...": não basta denunciar, é preciso ler a denúncia antes de publicar.
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