‘Internet pode ser decisiva’, diz coordenador da campanha de Dilma
Ex-diretor da Campus Party Brasil, Marcelo Branco será o estrategista de redes sociais para a campanha da petista
05 de abril de 2010 | 17h 25
Rodrigo Alvares e Rodrigo Martins, do estadão.com.br, via blog do Nassif
O ex-diretor da Campus Party Brasil Marcelo Branco oficializou nesta segunda-feira, 5, que será o estrategista de redes sociais para a campanha de Dilma Rousseff, candidata à presidência pelo PT. Branco foi contratado pela Pepper Comunicação Interativa. Ele vai trabalhar com os americanos Scott Godstein e Joe Rospars, responsáveis pela campanha de mídias sociais de Barack Obama em 2008, além de Ben Self e Andrew Paryze, especialistas em marketing digital da Blue State Digital.
De acordo com o ex-coordenador da Associação do Software Livre, o trabalho terá em vista a base militante de PT e PMDB pela internet. Para Branco,”não tem como fazer uma campanha na internet com uma hierarquia muito superior entre os políticos e os cidadãos”. Sobre a relação da ex-ministra com as novas tecnologias, acrescenta: “A Dilma tem uma história relacionada à tecnologia”.
Qual será o seu papel na campanha de Dilma Rousseff na internet?
Vou compor a equipe e minha responsabilidade maior será a estratégia de mobilização e comunicação nas redes sociais. Nós vamos pegar a experiência do pessoal do Obama, mas a estratégia será feita pelo lado brasileiro da campanha. Claro que nós estamos subordinados à estratégia geral da campanha, à coordenação do comitê de campanha através do (Fernando) Pimentel. Nós não somos um ente à parte da campanha geral.
Como se fossem parte de uma mesma equipe?
Sim, estamos alinhados com a campanha geral, mas desdobrando a estratégia geral para o cenário da internet, das redes sociais. Nós não vamos trabalhar com a ideia de destruir reputaçãoes. Não é uma prática que vamos usar na campanha, nem a contratação de posts pagos. As pessoas que vão se envolver na campanha – independentemente de serem contratadas ou não – não estão sendo pagas para postar notícias favoráveis à candidatura.
Como as pessoas que são pagas para ficar com bandeiras no semáforo?
Já está acontecendo. Se você pesquisar, vai ver que algumas candidaturas já têm indícios de estarem usando blogueiros conhecidos para destruir reputações. Mas não é o nosso caso. A coligação que apoia a Dilma tem à frente os dois maiores partidos políticos do Brasil que são o PT e o PMDB. Além disso, ela tem uma coligação de partidos de esquerda, que tem um caráter militante. Todos os militantes usam a internet de um jeito ou de outro. O nosso objetivo é de que esses militantes auxiliem na nossa estratégia de esclarecimento e de um debate político de alto nível na internet. Como somos do governo, a baixaria não pode ser uma linha que nos beneficia. Pelo contrário, nós temos muitas coisas boas para mostrar e comparar com o governo anterior, que representa o nosso adversário, que é o Serra.
Isso não pode prejudicar alguma candidatura? Como o TSE vai monitorar tudo isso?
Estamos todos aprendendo a fazer campanha na internet, tanto as coordenações dos partidos como os eleitores. Acho que entender uma campanha na internet é entender uma campanha de milhares de pessoas, diferente da campanha de rádio, TV e jornal, que podia ser feito centralizado por uma agência e à noite vai para o ar. Não tem como fazer uma campanha na internet sem organizar as bases de apoiadores já existentes. Acho que todo mundo vai aprender com essa eleição. Não acredito que existam supergurus da internet. O pessoal da Blue State era ativista do Partido Democrata.
Um boato pode correr o mundo muito rápido. Essa não é uma preocupação?
Claro, mas para mim é uma prática que agrega muito pouco.
Mas e os boatos que uma pessoa física pode jogar na rede?
As pessoas que têm uma reputação na internet têm de zelar por elas. Uma das formas não é disseminar notícias falsas. Essa pessoa existe e depois vai ser cobrada. Ninguém vai ser contratado para fazer post pago, por exemplo.
Qual é a importância da conversa entre os internautas?
Esse espaço horizontal de discussão é muito importante porque ele vai estabelecer um processo de politização. Os grandes temas nacionais certamente estarão em debate e vai ser a chance de o eleitor e o candidato se aproximarem, porque não tem como fazer uma campanha na internet com uma hierarquia muito superior entre os políticos e os cidadãos. Pela primeira vez na história da humanidade eles estão na mesma plataforma. O nosso maior objetivo vai ser aprofundar essa discussão que o Brasil já vem fazendo do governo Lula.
Isso pode definir votos?
Dependendo do grau de polarização, a internet pode ser decisiva no processo. Mas temos de entender a internet com dois objetivos. Um deles é fazer a guerra de comunicação na rede. O outro é auxiliar a organização com a vida offline – para fazer esclarecimentos fora da rede. Queremos fazer uma campanha junto dos apoiadores. Não dá para fazer uma campanha centralizadora nas redes sociais.
Como vai ser a atuação de Dilma com os eleitores durante a campanha?
A Dilma tem uma história relacionada à tecnologia. Ela é uma pessoa que sempre, dentro das discussões, esteve presente como técnica. Ela está sempre com o notebook.
Dilma vai ter twitter?
Sim, estamos chegando hoje a Brasília, mas tudo já está sob orientações da própria candidata.
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