Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima

Meus amigos, andei sumido do blog devido a férias involuntárias que fui obrigado a tirar. Na tarde do dia 6 de fevereiro sofri um acidente e fui internado no Hospital de Base.
Sinceramente não me lembro de nada do que aconteceu, só me lembro de estar às 2 da manhã no Hospital realizando radiografias. Quando me dei conta, estava com o ombro quebrado em três lugares e o rosto em petição de miséria.
Não sei se caí, se fui atropelado ou outra coisa. Só sei o que a Jacqueline, minha ex-mulher, me contou.
Esta experiência foi muito rica (e dolorida), pois recebi inúmeras mensagens de apoio e solidariedade. Vi como existem amigos que se preocupam conosco. O apoio de todos foi fundamental para que eu conseguisse superar esta fase.
Agradeço especialmente à Jacqueline, à Manuela, ao Renato Rabelo, aos amigos do gabinete André, Jorge, Paulinha e Jefferson, aos amigos do escritório de Porto Alegre, à incansável Lurdinha, ao Aquiles, ao Apolinário, ao Madeira, ao Ivan, ao Pedro Oliveira, à Cíntia, à Tatiana, à Mariana, ao pessoal do Portal Vermelho e aos amigos que ligaram e me mandaram mensagens.
Mas além da solidariedade dos amigos, pude vivenciar a solidariedade de pessoas que eu sequer conhecia.
Como fui internado no Hospital de Base, um imenso hospital público, fiquei cerca de 5 dias internado aguardando nos corredores do Pronto Socorro para realizar a cirurgia de reconstrução do ombro.
Nestes dias, de muita dor e muito desconforto, recebi ajuda de médicos, enfermeiros, pacientes e acompanhantes.
Desde o senhor que acompanhava a mãe agonizante e me ajudou a me alimentar (sem que eu sequer pedisse), até um paciente que aguardava também a cirurgia para retirar uma bala alojada no fêmur que incessantemente me animava e contava piadas.
O Pronto Socorro é um dos piores lugares possíveis, mas estas manifestações restabelecem a nossa crença na humanidade.
Só consegui ir para a cirurgia após 15 dias do acidente, graças ao empenho dos amigos, consegui passar os 10 dias restantes em casa.
Uma cirurgia complicada e com um pós-operatório muito dolorido.
Mas para quem ficou no PS, o quarto é praticamente o paraíso, com chuveiro e atenção da enfermagem.
Há 5 anos, eu tive uma fratura no pé e já havia sido operado no Hospital de Base, mas foi muito mais rápido do que desta vez.
Quem passa pelo HBDF muda sua perspectiva. É um mundo à parte, onde a dificuldade, a dor e a solidariedade andam lado a lado.
O cotidiano vai nos afastando, nos centrando apenas nos nossos problemas e nas nossas vidas. neste período vi que a nossa vida pode ser melhor, que existe a amizade e a solidariedade, que existem pessoas que gratuitamente se dedicam a ajudar os outros, que isso não é pieguice ou sentimentalismo barato.
Já voltei ao trabalho, e tenho certeza de que mais do que o ombro, eu estou reconstruindo minhafé no nosso povo, que longe do conforto dos planos de saúde, enfrenta um mar de dificuldades, de carências, com força determinação, e solidariedade.
Algo que a classe média só ouviu falar e não tem a menor ideia do que se trata.